
Realizou-se na passada 2.ª feira, numa organização da Associação Marinha em Movimento, o XIV Ideias em Movimento, dedicado ao tema “Identidade cultural da Marinha Grande, o que nos diferencia”. Organizado em formato webinar, contou com a arquiteta Ana Bonifácio, como moderadora e a Dr.ª Ana Saraiva e a Prof.ª Fernanda Oliveira como oradoras.
Do conjunto de intervenções, foi comum o destaque, como referentes identitários da Marinha Grande, a Mata Nacional, o Vidro e a Arte Xávega, bem como a importância do património imaterial associado a estes referentes, tão ou mais relevantes que o património material.
Ficou claro, da exposição realizada, a importância de desenvolver uma estratégia consertada, do ponto vista cultural, daquilo que é prioritário e distintivo e que pode alavancar o concelho da Marinha Grande, definindo muito bem os seus objetivos, com a criação de equipas multidisciplinares, identificando parceiros que possam ser uma mais-valia no desenvolvimento da estratégia que fortaleça a identidade cultural, identificando projetos e ações prioritárias, bem como um plano de investimento., não esquecendo a possibilidade de parcerias territoriais a nível nacional e também de âmbito europeu.
As oradoras deixaram imensas pistas de ações que poderão ser realizadas no intuito de criar uma dinâmica de alavancagem do património identitário da Marinha Grande, das quais destacamos:
– Mata Nacional – levar a cabo o Museu Nacional da Floresta, criado no papel, em 1999 (Lei n.º 108/99), do qual ainda não saiu; associado ao futuro museu, criar experiências que promovam a educação ambiental (ex. aproveitar a época de colheita do medronho e de cogumelos para a realização de workshops “da mata para o prato”); realização de workshops de fotografia em parceria com fotógrafos profissionais e instituições de ensino superior, que promovam os valores naturais ao nível da avifauna, répteis, entre outros; transformar a mata num laboratório vivo, com atividades de silvicultura, conservação e inventariação de espécies, trazendo para a Mata Nacional, iniciativas no âmbito de turismo educacional; criar parcerias, para estudantes finalistas de licenciatura e mestrados, de forma a contribuírem para inventariação de recursos e valores existentes; criar guias, sinalética turística, APPs e roteiros temáticos; criar uma agenda fixa regular com a organização de roteiros; relativamente ao Comboio de Lata, face à dificuldade de recuperar a sua funcionalidade ao longo do seu trilho, procurar inovar, eventualmente com o desenvolvimento de parcerias e criando um simulador que coloque as pessoas dentro do comboio e os conduza através dos seus trajetos, complementado por informação sobre os mesmos; recuperação do património imóvel (casa dos guardas), com algumas dezenas de imoveis, cada um com a sua história.
– Vidro – a importância do seu museu se aproximar mais do ciclo produtivo, criando formas que aproximem os visitantes do saber fazer; um museu mais experimental mais participado; recuperar a Rota do Vidro, num formato mais contemporâneo, que não esqueça o vidro de embalagem e eventualmente até a indústria de moldes para o vidro; importância de ouvir as pessoas ligadas ao vidro, os verdadeiros detentores do património.
– Arte Xávega – valorização da cultura Avieira; criação de experiências com o litoral e em particular com a Arte Xávega; realização de workshops “do Mar para o Prato”.
Como conclusão destacaríamos a forma como ficou patente o enorme potencial, ao nível turístico, que tem o património identitário do concelho da Marinha Grande e que deve ser visto no seu conjunto e não em separado, estabelecendo relações intercomunicantes, em rede, estando presente a dimensão natural e a cultural.
