
“O Museu Nacional da Floresta existe…”
A Associação Marinha em Movimento, dedicou o seu XXII Ideias em Movimento ao tema dos Museus: Novas perspetivas. Este debate, mais uma vez realizado online, foi iniciado com a intervenção da coordenadora do Museu do Vidro, Tânia Rosa, que fez uma breve apresentação da aplicação móvel, de visita virtual 360ᵒ, do Museu do Vidro, lançada em 2020, disponível na Apple e Play Store e que permite uma visita guiada pelo Guilherme Stephens e por um vidreiro. Esta aplicação tem tido um importante papel na divulgação do museu, no acompanhamento das visitas e naturalmente tem cativado a geração do digital.
Vânia Carvalho, coordenadora do Museu de Leiria, foi a segunda oradora. Destacou o facto de o Museu de Leiria ter uma coleção regional que vai de Peniche até Pombal e que funciona desde 2015 no Convento de S.to Agostinho, um espaço que permite uma perfeita simbiose com a população, com capacidade para o acolhimento de espetáculos e eventos da cidade.
Vânia Carvalho referiu ainda que o Museu de Leiria tem 90% da sua coleção em reserva e destacou as parcerias que têm ao nível da cultura, mas também da investigação. Enfase igualmente para a exposição da Plasticidade que resultou de um processo colaborativo, com um apelo nas redes sociais, que contou com a colaboração de mais de 400 pessoas que tinham em casa objetos com potencial para integrar a coleção.
A última oradora foi Marta Bravo, gestora do WOW – Quarteirão Cultural, que proporcionou a reabilitação de diversas caves do vinho do Porto que estavam desocupadas. Abriu as portas em junho de 2020, na zona ribeirinha de Gaia e abrange uma área de 55 000 m² com uma vista privilegiado sobre o Porto e o rio Douro. Este espaço tem 7 museus, abrangendo temas como o vinho a cortiça, o chocolate a moda e a cidade do Porto, entre outros. O conceito do WOW passa por proporcionar experiências aos seus visitantes e além dos museus possuí ainda uma galeria de exposições temporárias, uma escola de vinho, agenda cultural e ainda um espaço de restauração, bares e cafés que permitem ao visitante passar um dia inteiro no WOW sem sair do espaço.
Após a apresentação das três oradoras seguiu-se um período de debate, onde a possibilidade de se incluir a produção de vidro soprado no Museu do Vidro foi uma das questões colocadas, tendo a Tânia Rosa destacado o facto de se poder assistir à produção de vidro de maçarico e à lapidação, bem como de realização de visitas a fábricas de vidro, já em relação ao vidro soprado, o investimento financeiro e técnico que exigiria são neste momento um entrave, apesar de que, para ela seria um sonho poder proporcionar essa experiência aos visitantes.
Outra questão incontornável, quando se fala de museus na Marinha Grande, é sem dúvida o Museu Nacional da Floresta, legalmente criado no século passado, mas que ainda não saiu do papel. Perante esta questão Vânia Carvalho referiu que o Museu da Floresta já existe em cada habitante da Marinha Grande, ou em cada pessoa que passou por esta mata. Destacou ainda a urgência de iniciar a recolha das experiencias das pessoas que viveram esta floresta, nas suas múltiplas funções e valências. A recolha das memórias vivas são fundamentais, antes mesmo da construção do museu e um suporte para a sua conceção.
