IX – Por uma Estratégia Participada para a Marinha Grande (Maio/19)

Marinha Grande: acordar a bela adormecida

Este foi o título marcante da intervenção da arquiteta Ana Bonifácio, uma das oradoras do debate promovido pela Associação Marinha em Movimento, na passada 6.ª feira, dedicado ao tema: Por uma estratégia participada para a Marinha Grande – contributos para o desenvolvimento do território urbano do concelho.

O debate, com moderação de um elemento da direção da AMM, o arquiteto Humberto Dias, começaria com a intervenção da arquiteta urbanista, Paula Rebelo, Chefe da Divisão de Estudos Urbanos do Departamento de Espaço Publico da Câmara Municipal de Lisboa, com o tema: “A importância da qualificação do espaço público no desenvolvimento e socialização dos territórios – o exemplo da Estratégia de Lisboa com o Programa “Uma Praça em cada Bairro”.

Da visão estratégica definida para lisboa em 2012, que visava qualificar, modernizar e projetar a cidade para as posições mais elevadas nos rankings das melhores cidades para viver, trabalhar e investir, suportada por quatro eixos de desenvolvimento urbano, entre os quais “Lisboa, cidade de bairros”, onde se enquadraria o programa “Uma praça em cada bairro”, com objetivos de: melhorar a qualidade do espaço público de proximidade; aumentar o espaço pedonal; melhorar a acessibilidade e promover uma rede pedonal contínua; privilegiar as deslocações mais sustentáveis; promover a apropriação e fruição dos espaços públicos pela comunidade.

Paula Rebelo destacou o facto das alterações implementadas por este programa terem levado a uma significativa alteração da qualidade de vida nos bairros de Lisboa, fruto de uma metodologia participada em que os moradores foram ouvidos desde a primeira hora, sondando-os sobre as suas necessidades, os aspectos a corrigir e os aspectos a valorizar para chegar aos projectos e às obras que foram depois implementadas.  O programa tem revelado a importância da qualificação do espaço público como estratégia para o desenvolvimento e sociabilização dos territórios.

Destacou ainda o facto do PDM de 2012 se encontrar em constante monitorização, fruto da qual se encontra já em processo de nova revisão, procurando dar resposta aos novos desafios que se vão colocando ao planeamento, desenvolvimento e requalificação da cidade.

A arquiteta marinhense, Ana Bonifácio, conhecedora da realidade local, fez uma interessante análise da situação atual da Marinha Grande e do que deverá ser feito para o seu futuro, num concelho que como fez questão de referir, com apenas 0,4% da população nacional, é responsável por 1,3% das exportações. Já à escala da Comunidade Intermunicipal de Leiria, com uma população de apenas 13%, é responsável por 41% das suas exportações e de apenas 22% das importações.

Referindo alguns documentos estruturantes já existentes no concelho (Área de Reabilitação Urbana; Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano; Pacto Territorial para o Emprego e Desenvolvimento; revisão do Plano Diretor Municipal, em curso; criação do Observatório do Pinhal do Rei para implementar o Plano de Recuperação da Mata Nacional de Leiria), Ana Bonifácio fez questão de destacar o muito que ainda está por fazer:

– Definir uma ideia de futuro a longo prazo para a Marinha Grande (como quer ser a Marinha Grande no tempo das gerações vindouras? Como aumentar a qualidade de vida?Como operar uma mudança no território com reflexo na qualidade de vida?Como atrair e fixar nova população?Como resgatar a importância da MG no panorama nacional e internacional?

– É preciso atingir a concertação e articulação institucional que extravase as conflitualidades entre os agentes políticos e os ciclos eleitorais;

– Integrar/reforçar a identidade local e as potencialidades;

– Definir a estratégia de desenvolvimento a médio e a longo prazo;

– Promover a participação pública, envolver os cidadãos;

– Promover a intermunicipalidade, a complementaridade funcional entre municípios;

– Determinar os fatores de diferenciação do território no contexto nacional e internacional;

– Urgência de elaboração do Plano de Ação Municipal de Adaptação Às Alterações Climáticas (PAMAAC), cumprindo o desígnio de mitigação e adaptação às alterações climáticas definido para o próximo quadro de financiamento 2030.

– Oportunidade de financiamento através do PT2030 a partir de 2022, é urgente planear, decidir e preparar estes projetos;

– Promover o regresso da Bienal de Artes Plásticas e Design (já com notoriedade no país), de cariz internacional;

– Definir uma programação cultural ampliada dos 250 anos da implantação da FEIS e promover a sua divulgação.

Antes do animado debate que se seguiria com o muito público presente, Ana Bonifácio fez questão de deixar algumas sugestões de intervenção para a própria AMM, das quais destacamos a criação de um grupo de discussão sobre o território (‘thinktank multidisciplinar’) com pensadores da Marinha Grande, que elabore propostas concretas e as apresente à Autarquia ou outras entidades da Administração Local e/ou Central.

 

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