Marinha Grande: Para quando um município amigo dos idosos?

Na passada 6.ª feira a Associação Marinha em Movimento, promoveu um debate dedicado ao tema do envelhecimento, no Centro Pastoral da Moita, que contou como oradores, com a Dr.ª Paula Martins (Centro Distrital de Segurança Social de Santarém), Dr.ª Clarisse Bento (Delegada de Saúde da Unidade de Saúde Pública do Pinhal Litoral) e a Dr.ª Patrícia Gomes (Diretora Técnica da Associação Social, Cultural e Desportiva de Casal Galego), com moderação do presidente da Associação Marinha em Movimento, António Santos.
Neste início de século, que a Dr.ª Clarisse definiu como o século dos idosos, o concelho da Marinha Grande passou de uma população de 15,4% de idosos em 2001, para 21,2% em 2016, seguindo a tendência do país. Face à previsão de continuação do crescimento do número de idosos, este é um tema premente, obrigando desde já a agir, ou poderemos, dentro de algumas poucas décadas, estar perante um grave problema social.
A velhice ativa é, segundo a Dr.ª Clarisse, o grande desafio do milénio, passando por três pilares prioritários: saúde, segurança e participação social. A Organização Mundial de Saúde na procura do caminho para esta nova realidade, promove o projeto das Cidades Amigas das Pessoas Idosas, porém apenas 55 municípios portugueses são considerados amigos dos idosos e destes nenhum se situa no distrito de Leiria.
A Dr.ª Paula Martins, além do enquadramento do papel do estado central e local fez referência às diferentes tipologias de respostas nas políticas de apoio aos idosos. Deu ainda o exemplo de Ourém, onde todas as freguesias do concelho (13) possuem um centro de dia, serviço de apoio domiciliário e um lar, fruto da dinâmica da sociedade civil e do apoio, que em determinado momento, o município proporcionou a estas entidades.
A Dr.ª Patrícia Gomes, fazendo uma caracterização do concelho da Marinha Grande, falou de uma realidade muito diferente da de Ourém, com falta de capacidade de resposta dos lares, serviços de apoio ao domicílio e centros de dia, com listas de espera superiores à capacidade instalada. Muito importante também, num concelho em que um número muito elevado de pessoas trabalha por turnos, criando problemas na assistência familiar aos mais idosos, a ausência de Centros de noite que poderiam evitar, em muitos casos a necessidade de ida para lares.
Com um debate muito animado, após a intervenção dos oradores, teve especial atenção o problema da Associação São Silvestre, relativo à construção da sua sede, centro de dia e estrutura residencial, que neste momento se encontra parada e que só com a intervenção do estado a nível central e local poderá ver o problema do financiamento resolvido, para uma estrutura absolutamente necessária e única na freguesia da Moita.
Ficou ainda o desejo de que a Marinha Grande venha a ser um município amigo dos idosos, para o que há um longo caminho a percorrer, que terá que mobilizar tanto a sociedade civil como o poder local, para se poder aproximar da definição da Organização Mundial de Saúde “Uma cidade amiga dos idosos estimula o envelhecimento ativo através da criação de condições de saúde, participação e segurança, de modo a reforçar a qualidade de vida à medida que as pessoas envelhecem; Uma cidade amiga dos idosos adapta as suas estruturas e serviços de modo a que estes incluam e sejam acessíveis a pessoas mais velhas com diferentes necessidades e capacidades.”
