
Realizou-se na passada 6ª feira, na sede da S. I. R. 1º de Maio, em Picassinos, um debate organizado pela Associação Marinha em Movimento, dedicado ao tema da Mobilidade Urbana.
Com a moderação do arquiteto Humberto Dias, o debate contou como oradores, com: Dra. Fátima Cardoso, vogal do Conselho de Administração dos Transportes Urbanos da Marinha Grande (TUMG), com funções executivas, que traçou algumas linhas de evolução dos transportes públicos e em particular da TUMG, destacando-se a promessa de, em 2019, esta empresa começar a cobrir a Vieira de Leiria nos seus trajetos; o engenheiro civil João Pedro Silva, professor adjunto do Departamento de Engenharia Civil no Instituto Politécnico de Leiria, chamou à atenção para o ciclo vicioso associado ao facto de cada vez mais pessoas escolherem o carro para se deslocar, aumentando assim o tráfego rodoviário, bem como o seu congestionamento e a escassez de vagas de estacionamento, levando a mais investimento em estradas e estacionamentos e a novo aumento do número de carros, com consequências ao nível ambiental, estilos de vida sedentários e de perda espaços públicos; Sónia Santos, ex-locutora na RCM e atualmente a trabalhar na Câmara Municipal da Marinha Grande, no atendimento geral, ilustrou algumas dificuldades com que as pessoas de mobilidade reduzida se deparam, chamando à atenção para algumas situações com que, enquanto invisual, se depara quando se movimenta na Marinha Grande, nomeadamente, a existência de alguns postes no meio dos passeios, a existência de passadeiras, apesar de hoje já serem menos, sem sinalização para cegos, mas também as dificuldades que lhe são criadas pela falta de civismo dos condutores, quando estacionam os seus carros em cima dos passeios, pondo em risco não apenas os invisuais, mas também quem anda numa cadeira de rodas ou quem conduz um carro de bebé, muitas vezes obrigados a deslocarem-se pela estrada.
No intenso debate que se seguiu às intervenções iniciais dos convidados, destaque para a indignação da população de Picassinos, face ao problema dos camiões, com destino à empresa Santos Barosa, a ocupar a via impedindo a normal circulação e que urge ser resolvido. Também ainda relativamente aos problemas de Picassinos de ressalvar que quando se defende o regresso à utilização da bicicleta como meio privilegiado de circulação numa cidade com a orografia como a Marinha Grande, não há qualquer via própria que permita o acesso de Picassinos à Marinha Grande de bicicleta. Atendendo à afirmação do prof. João Pedro Silva, que um carro frio, num quilómetro, polui tanto como um carro aquecido, em 20 a 30 km, há realmente que promover o uso da bicicleta e criar condições para o seu uso nos trajetos mais curtos. No entanto, não deixou de ser polémico o professor João Silva, ao afirmar que é necessário aumentar o custo dos estacionamentos para as pessoas começarem a pensar no uso de uma alternativa ao automóvel.
Confrontada a Dr.ª Fátima Cardoso, com a necessidade de divulgação das linhas do TUMG, junto das paragens e na possibilidade alargar a oferta de serviço de transportes às bicicletas e trotinetas partilhadas, afirmou que a divulgação das linhas passa primeiro pela sua consolidação, estando neste momento a empresa a tratar do aumento do número de abrigos nas paragens e tendo começado já a discutir a possibilidade da disponibilização de bicicletas partilhadas.
Em jeito de conclusão relembramos a necessidade de repensar o atual modelo de mobilidade urbana na nossa cidade, não esquecendo a importância da qualidade de vida da população, onde a recente decisão de construção do interface de transportes, em pleno centro da cidade, poderá ser um contrassenso face à necessidade de redução do tráfego rodoviário e desejada articulação com outros meios de transporte, nomeadamente a possibilidade de construção deste terminal junto à estação ferroviária.
