I – A Competitividade das Cidades (Maio/18)

A associação Marinha em Movimento realizou no passado dia 4 de Maio na Galeria Jorge Martins, no Sport Operário Marinhense, o evento intitulado “ideias em movimento”, a primeira iniciativa de muitas que se seguirão de uma forma cadenciada, à razão de uma por mês, assim se propõe a direcção da mesma.

Esta associação, recém criada por um grupo de cidadãos marinhenses e que visa estimular a cidadania activa na sociedade marinhense, criando um espaço de reflexão e (ante) visão para o desenvolvimento do concelho da Marinha Grande, realizou uma conferência debate sob o tema da competitividade das cidades, que reuniu um grupo com mais de 60 pessoas na assistência.

Foram oradores nesta conferência, Jaime Guerra, e os marinhenses Ana Pinhal, Fernanda Oliveira e Bruno Lemos, que sob o tema proposto, apresentaram uma reflexão pessoal de acordo com as suas competências e áreas de investigação académica e científica, enquadrando a cidade da Marinha Grande na perspectiva da competitividade.

A competitividade das cidades, cujo tema desencadeou esta conferência/debate, na definição atribuída pelo primeiro orador da noite o Dr. Jaime Guerra, consiste “na capacidade que uma cidade tem para desenvolver e manter vantagens competitivas relativamente a outras” ou seja, que permitam gerar recursos, habilidades, conhecimento e atributos que tornem possível a obtenção de resultados superiores, nomeadamente na criação de um meio envolvente favorável à inovação, para captar investimento, atrair habitantes e turismo, bem como captar fundos públicos e realizar eventos de importância generalizadamente reconhecidos, que potencialmente se tornem centros de decisão estratégica.

Este meio envolvente existe quando a cidade ou região, dispõe duma oferta de serviços de alta qualidade, nomeadamente em programas avançados de educação e formação profissional, centros de pesquisa especializados e fornecedores especializados.

A cidade da Marinha Grande para se tornar mais competitiva deve criar um meio envolvente físico, tecnológico, social, ambiental e institucional propício para atrair e desenvolver actividades económicas geradoras de riqueza e emprego.

Nas suas intervenções, os restantes intervenientes abordaram esta temática no prisma de cada uma das perspectivas: habitar, visitar e investir na Marinha Grande.

A arquitecta Ana Pinhal, trouxe-nos a sua análise sobre o território concelhio, focada na nova perspectiva de análise com que olhamos as cidades actuais, não como núcleos centrais mas já como territórios de urbanização extensiva, sendo difícil distinguir os limites de cada uma das cidades limítrofes e onde a importância do planeamento urbanístico segundo esta nova realidade se torna um factor incontornável e urge uma nova perspectiva de análise, projectando a cidade para as próximas décadas.

A Professora Dr.ª Fernanda Oliveira, trouxe-nos uma reflexão sobre os potenciais turísticos do nosso concelho, da sua especificidade e proximidade ao Pinhal do Rei, que influenciam a cultura e enquadramento natural da cidade, bem como a sua delimitação com a costa atlântica. Salientou aspectos que nos caracterizam enquanto município, vista pelos olhos dos outros, com base na nossa tradição, história, cultura de inovação e empreendedorismo, mas que estão insuficientemente promovidos como a recente distinção da nossa gastronomia típica ou a inexistência da promoção de eventos de grande escala regional ou nacional. Os museus, que temos e que apesar de terem alguma expressão local, apresentam algumas fragilidades nomeadamente na compatibilidade de horários com os potenciais visitantes e turistas. Ainda a referência ao Museu Nacional da Floresta, que deveria assumir-se como projecto e desígnio prioritário.

Finalmente Bruno Lemos (presidente em funções da ACIMG), expôs uma análise crítica ao quadro actual do potencial de investimento que o concelho apresenta aos investidores de forma geral, tendo realizado uma simulação dos diversos perfis de investimento em contraponto com as condições actualmente instaladas no concelho, revelando os aspectos em que o concelho apresenta bons indicadores de competitividade por um lado e as fragilidades de que padece sobretudo ao nível do tecido comercial e na oferta de serviços.

Lançou ainda um conjunto de sugestões/propostas para a promoção de condições logísticas na cidade que estimulem o empreendedorismo e potenciem a criação de “startups” numa perspetiva de negócio mais global e menos local.

Este espaço de reflexão que se abre com estas iniciativas perspectiva um bom prenúncio do que pode ser a massa crítica que faltava à Marinha Grande, longe das agendas partidárias e transversal aos diversos sectores da sociedade marinhense onde todos se sintam livres de participar e se sintam convidados à participação.

 

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